terça-feira, 28 de outubro de 2008

Amarelo, verde, azul...branco. E a situação, preta.

O tema é polêmico e complexo demais para tratar em linhas gerais. A necessidade da mulher em trabalhar vai muito além do compromisso de prover uma família. Não que o mercado ou os tempos tornaram-se piores do que anos atrás, mas é a pressão seletiva antropológica cada vez mais exclusiva, principalmente, em se tratar do âmbito global. O que hoje se determina, ou se preza, é repercutido veloz e catastroficamente no mundo de relacionamentos. Passadas as vilas e as aldeias, o cenário contemporâneo permite tanto o acesso às informações e às riquezas quanto o caráter humano ser dissecado em Kbytes por segundo.

A mulher, o ser humano, possui o intrínseco desejo de se manter digno e notório frente aos seus pares. Ser mãe, profissional, cobiçada sexualmente, administradora do lar, ótima filha, querida irmã, fiel amiga são alguns dos pilares de sustentação. Há de explorar ainda mais sucinto e honestamente acerca desses pilares de maneira individual e em conjunto; porém, há também outros contra-pilares, como, por exemplo, a ímpar instância de se viver, sobreviver, manter-se bem e satisfeito, mesmo a custa de alguns pilares ruírem. Quanto mais se aumenta o eu-desejo, mais se diminui a chance de ser plenamente satisfeito.Viver abraçado não enche o ego de ninguém - ficamos meio cheio e meio vazio. Viver separado exclui a chance de estar-se plenamente satisfeito.

Enfim, nesse complexo polígono da vida, mais vale encostar-se numa só aresta apenas do que ficar indefinido num vértice qualquer. Nele, somos nada; nela, aparecemos.

Wilen Norat Siqueira


Por Cynthia Magnani • 28/10/2008
Nos últimos três séculos, a situação das mulheres na sociedade, graças ao movimento feminista, mudou bastante: votamos como os homens, podemos pedir o divórcio por vontade própria e somos maioria nas universidades. No entanto, em relação ao acesso ao mercado de trabalho, as mudanças têm ocorrido de maneira um pouco mais lenta. E o mais perturbador: a maternidade ainda é, muitas vezes, um entrave para a carreira. Uma pesquisa feita por uma das maiores empresas de recursos humanos norte-americanas, o grupo Catalyst, indica que cerca de 25% das mulheres com filhos pequenos decidem não voltar a trabalhar após o nascimento deles. Os pesquisadores entrevistaram quase duas mil mães entre 20 e 44 anos nos Estados Unidos, Canadá e Suécia, e perceberam que, para 43% delas, a vida profissional passou a interferir negativamente no ambiente familiar. Segundo 83% das entrevistadas, a chegada de um filho fez com que elas passassem a valorizar mais uma vida em família equilibrada do que o sucesso na carreira.
A mulher moderna acumula as funções de cuidar de casa, do trabalho, do próprio corpo (afinal, a concorrência anda acirrada), do marido e dos filhos. Como se não bastasse, o sexo feminino ainda sofre preconceitos, como salários menores que os dos homens e pouca representatividade entre os cargos de chefia de grandes empresas, por exemplo.
As sanções para quem não respeita os direitos das mulheres são jurídicas e legais, mas também de quebra de contratos comerciais ou de imagem
Segundo Leyla Nascimento, presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos - seção Rio de Janeiro (ABRH-RJ), a mais conhecida forma de preconceito é a demissão de profissionais mulheres ao saberem que elas estão grávidas. "É uma visão míope da empresa que, ao comportar-se dessa forma, gera um clima organizacional péssimo, que impacta na performance e nos resultados dos demais funcionários. E o que considero pior: reflete no mercado uma imagem muito ruim. A marca passa a não ser valorizada, pois a empresa esquece que estamos na "sociedade do relacionamento" e essas informações são transferidas para o mercado. Nenhum profissional quer ter no seu currículo uma empresa que não possua uma boa imagem. Assim, a organização passará a ter dificuldades de reter os seus talentos ou de recrutar bons profissionais. Além disso, no mercado global, muitos países não mais aceitam estabelecer relações comerciais com empresas que não trabalham com a diversidade. As sanções para quem não respeita os direitos das mulheres são jurídicas e legais, mas também de quebra de contratos comerciais ou de imagem", alerta.
Mas, infelizmente, muitas empresas ainda torcem o nariz ao saber que uma funcionária está grávida ou que pretende ter filhos em breve. Isso em pleno século XXI. Por esses motivos, muitas mulheres adiam a gravidez ou simplesmente abrem mão de serem mães, apenas para se dedicarem ao trabalho.

A relações-públicas contratada pelo Exército Ana Luiza Oliveira é uma das que optaram por esperar um pouquinho mais para engravidar por causa do trabalho. "Para exercer a profissão em que me formei e buscar aperfeiçoamento através de cursos de especialização tive que mudar de cidade e construir minha vida em um lugar diferente. Acho que ainda é possível, sim, conciliar filhos e trabalho, mas é necessário ajuda de outras pessoas, como familiares, babás ou creches. Por isso achei melhor esperar mais para realizar o meu grande sonho de ser mãe", diz. Depois de cinco anos morando no Rio de Janeiro, Ana Luiza conseguiu, este ano, voltar para sua cidade natal, Volta Redonda, no interior do estado. Ela se diz pronta para retomar o sonho da maternidade. "Como atualmente minha vida está mais engrenada, pessoal e profissionalmente, podendo conciliar minha carreira com a vida pessoal, estou programando para o próximo ano a vinda do tão esperado baby", comemora.

http://msn.bolsademulher.com/familia/materia/maternidade_ou_profissao/31722/1

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

O sublime e o atroz são características do homem?
O que leva ao sublime e ao atroz?

De um grão, tudo
De um afeto, tudo.

Será que afeto e grão estão no mesmo estrato conotativo ou denotativo? Numa rápida e rasa análise poder-se-ia dizer que sim; já que, segundo o que foi estabelecido como proposições, leva-nos a conectar sentenças lógicas e concluirmos de forma equivocada. O tudo não cabe em si.
Somos substância; somos pensamentos. Somos lembranças ou até mesmo esquecimento. No entanto, se nem mesmo um preciso delito pode ser isento de evidências, nós, homens, também somos singularmente notáveis. De uma singamia, um mundo de sentimentos e sensações – É tão sublime quanto atroz. De energia em energia, autólise e apoptoses, uma célula desenvolve-se em muitos milhões iguais a primeira – em um ser humano. De mortes, uma vida. De muitas mortes, tua vida. De um ato atroz conjugal ou extra-conjugal, uma vida. Acaso, os fins justificam, explicam, entendem, compreendem, dizem o tempo ou as circunstâncias dos meios? Há muitas relações e pouco sentido. O juízo que se tem acerca do recato de viver é dependente da estreita visão que se tem dos fatos. Eu, sublime; Tu, atroz. Ora, prosa; ora poesia.


Da luz da alvorada ao brilho especular da lua
do cheiro de jasmim logo de manhã
do choro pueril ao beijo da amada
vêm o sublime e o atroz
juntos.