quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Sutilezas essenciais

Chove. A alguns metros de um novo mundo, aproximam-se dedos e chapéus. Já marcavam mais que dez horas da manhã de terça-feira, quando um jovem esguio foi a um espetáculo. Peles oleosas, peles secas, com ou sem pêlos, e muitas outras formas volumétricas marcavam o ambiente. Um som forte, longe ou molhado perfazia o cenário, que, ao mesmo tempo, era de muito brilho e de emoções. Aplausos. Silêncio das descrições. Descendo as escadas, nenhum sentido fazia sentido. Pés em todas as direções e o caminho sendo feito por um compasso firme, com tropeços e enganos.

Pé ante pé. Os dedos tocam a parede: imediatamente, o corpo é transpassado pelos centímetros de concreto até a Ilha de Manhattan. Sobe ou desce? Up or down? O Brasil continuava ali, mas os dedos guiavam para longe. Tal qual a força de um pensamento, a vontade de tempos idos movia os quirodáctilos para o inusitado desconhecido. Nem a Física supunha essa bizarra possiblidade de um corpo ocupar dois espaços tão distintos;muito menos permite a máxima de dois corpos ocuparem o mesmo espaço. A aldeia onde moro é mais universal que as leis da gravitação; a escrita, nem tanto.

Passados trinta segundos, a Terra gira e o suporte das falanges metacarpianas retorna ao ponto de partida, com a porta do elevador aberta, com volumes e a falta de volumes habituais à sua vida em destaque. O que mais importa é a diferença - seja diferente.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Mamãe já sabia

A velha orientação de nossos pais da mais longínqua e remota infância ainda mantém-se atual. Num espaço altamente visitado, por jovens do mundo inteiro, sai a informação da origem recalcada de nossas mães, principalmente, com objetivo às avessas: mostra-nos, por probabilidades, a forma de como atrair seu parceiro(a) a uma noitada transviada. E daí? Uns indagarão. Realmente, nada demais. Indução ao álcool, a promiscuidade, a lesa-moral e ao corpus são condutas eticamente aceitas em nossa sociedade. Daqui a pouco, terá um algoritmo desse para crimes de latrocínios, corrupção, homícideos...para até os confins das mentes mais doentias.


Ter, 09 Dez, 04h48

Por Redação Yahoo! Brasil


Você está super a fim daquela menina e não sabe o que fazer para conquistá-la e roubar um beijo dela? Segundo a revista 'Playboy' dos Estados Unidos, a tequila é a bebida que deixam as mulheres mais 'facinhas' na hora da conquista. A publicação elaborou uma pesquisa com 860 garotas americanas, para mostrar como a bebida que elas escolhem no bar influi nas chances de a noite terminar em sexo.


Veja na lista a porcentagem de cada bebida que foi consumida pela mulherada e avalie se faz sentido elas terem cedido tão facilmente à 'cantada' dos homens, afinal quem não perde a cabeça quando toma umas doses de tequila ou uísque a mais?:




1º - Tequila (91%)


2º - Vodca (79%)


3º - Uísque (68%)


4º - Gim (67%)


5º - Rum (62%)


6º - Cerveja (48%)


7º - Conhaque (46%)


8º - Champanhe (23%)


9º - Vinho tinto (12%)


10º - Vinho branco (9%)


http://br.noticias.yahoo.com/s/09122008/48/entretenimento-10-bebidas-deixam-mulheres-facinhas.html


terça-feira, 25 de novembro de 2008

No tempo, nada resiste

É difícil acreditar, mas a verdade e a justiça sempre vêm. Obviamente, não se deve sentenciar algo que já permanece em tempos idos. A moral transforma-se de maneira lenta e não se precisa dissertar linhas para fundamentar tal assertiva, pois outros tantos estão em estantes e em páginas, a fim de serem inqueridos sobre o tema. No caso da implicação de uma descoberta científica acerca do posicionamente relativo do planeta Terra, o que mais notabiliza-se é a mudança brusca e o salto qualitativo dos pensamentos da época. Ser ou não ser heliocêntrico significava perceber alterações nítidas de ética. Para o tempo, resta apenas a certeza constante
da presença dos fatos. Para o tempo, tudo é pouco.








CIDADE DO VATICANO (AFP) - O Vaticano quer reeditar as atas do julgamento de Galileu para "refrescar a memória" daqueles que acusam a Igreja Católica de ter condenado o célebre cientista (1564-1642) por suas teses sobre o universo, informou nesta terça-feira a agência Ansa.

"Galileo Galilei jamais foi condenado", declarou à agência Monsenhor Gianfranco Ravasi, presidente do conselho pontifical para a Cultura, à véspera da abertura de um congresso organizado pelo Vaticano sobre "a ciência 400 anos após Galileu".
A condenação de Galileu à prisão, pronunciada em 1633 pela Inquisição após um longo processo no qual se arriscava a uma condenação à fogueira, não foi, na realidade, jamais assinado pelo Papa Urbano VIII.
Mas o sábio, defensor da tese heliocêntrica do universo, segundo a qual a Terra gira em torno do Sol, foi obrigado a se retratar, concluindo sua preleção com a célebre frase "Eppur si muove".

O Vaticano, progressivamente, reconheceu seus erros no assunto Galileu, perseguido menos por suas teses propriamente ditas do que por suas implicações teológicas. João Paulo II o homenageou em 1992 e uma estátua do Grande Físico, Matemático e Astrônomo, deve ser instalada e inaugurada em 2009 nos jardins do Vaticano.
Um congresso sobre Galileu está sendo organizado em conjunto em Roma pelo conselho pontifício para a Cultura e o grupo industrial italiano Finmeccanica.

As Nações Unidas proclamaram 2009 ano internacional da astronomia para comemorar a primeira utilização de um telescópio por Galileu.

Durante a vida, o cientista elaborou a balança hidrostática que, posteriormente, deu origem ao relógio de pêndulo. A partir da informação da construção do primeiro telescópio, na Holanda, ele construiu a primeira luneta astronômica e, com ela, pôde observar a composição estelar da Via Látea, os satélites de Júpiter, as manchas do Sol e as fases de Vênus. Esses achados astronômicos foram relatados ao mundo através do livro Sidereus Nuntius (Mensageiro das Estrelas), em 1610. Foi através da observação das fases de Vênus, que Galileu passou a ver mais embasamento na visão de Copérnico (Sistema Heliocêntrico, o Sol como centro do Universo) em relação à de Aristóteles, onde a Terra era vista como o centro do Universo.

Por sua visão heliocêntrica, o astrônomo italiano foi a Roma em 1611, para tentar se defender da acusação de herege, terminando por assinar um decreto do Tribunal da Inquisição, onde declarava que o sistema heliocêntrico era apenas uma hipótese. No entanto em 1632, ele deu continuidade aos seus estudos.

Em 1642, morreu cego e condenado por suas convicções científicas. Contudo, uma de suas obras (sobre mecânica) foi publicada mesmo com a proibição da Igreja, pois seu local de publicação foi em zona protestante, onde a interferência católica não tinha influência significativa. A mesma instituição que o condenou o absolveu muito tempo após a sua morte, em 1983.

http://br.noticias.yahoo.com/s/afp/081125/mundo/religi__o_vaticano

1964 - o ano que não acabou...

Atentem bem aos que estão destacados. Além de não incentivar à cultura ou ao acesso a ela, querem ainda dificultar o que já existe para diminuir o abismo colossal entre os citadinos. Cota nas universidades; cotas em cargos públicos; cota para os transeuntes frequentadores de veículos de massa; agora, cota para a cultura. Isso não é censura? Quando foi para classificar os programas, interessados, ou não, apareceram na mídia para atacar o governo, estigmatizando-o de censor. No entanto, quando é para os interesses do outro lado, oculto, das finanças, não há problema: ganha-se artista, ganha-se diretor; ganha-se produtor; ganha-se muito para poucos. Se o problema são os crimes, coibem-se. O justo não poderá pagar pelos pecadores. Se há muitos desvios da norma, então pensa-se em outro modelo, distinto do vigente. Por exemplo, aumenta-se o número de casas de espetáculo, de peças, de exposição; exige-se modelo padrão, com símbolo oficial; ou até paga-se a diferença, sugerindo às escolas escolherem tais atividades como sendo mais uma forma de avaliação. Senadores, deputados, pensai-vos. E não nos furtem o direito de sermos livres para pensar; para aprender.




2 horas, 54 minutos atrás

A Comissão de Educação do Senado aprovou hoje o projeto da senadora Marisa Serrano (PSDB-MS) que regulamenta a meia-entrada em casas de espetáculo, cinemas, shows artísticos, culturais e esportivos. A regra vale para estudantes e idosos com mais de 60 anos de idade. O projeto restringe a emissão da carteira de estudante apenas para matriculados em ensino regular e impõe uma cota de 40% de meia-entrada por espetáculo. O projeto combate a indústria de carteiras de estudante falsas que proliferou no País desde 2001, quando foi permitida a emissão de carteira por qualquer entidade, sem a necessidade de comprovação do estudante.

O projeto também cria o Conselho Nacional de Fiscalização, Controle e Regulamentação da Meia-Entrada e de Identificação Estudantil, que será vinculada à Secretaria-Geral da Presidência da República. A sessão de votação, na Comissão, foi prestigiada por artistas e produtores. Entre eles estavam Christiane Torloni, Wagner Moura e Beatriz Segall.
Os artistas vinham reclamando do prejuízo nos shows e espetáculos com o derrame das carteiras de estudante falsas, que chegavam a ocupar 80% dos espetáculos, obrigando a elevação do preço do ingresso para os não-estudantes. O projeto segue agora para o plenário do Senado e, se aprovado, seguirá para a Câmara. Caso não ocorra alteração, será encaminhado depois para a sanção presidencial. A expectativa é de que o projeto só entrará em vigor no primeiro semestre de 2009.


http://br.noticias.yahoo.com/s/25112008/25/manchetes-comissao-senado-aprova-projeto-da.html

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Sem versão

Parents always

The daylight was lit in my eyes
Where he saw the golden age of my parents
With all infinite goodness of god
I want to live, I want more

It is impossible to undo the ties
Paternal united with love
The first look at the last step
surely need to heat your

just like, of the flower, the seed
us till the end, they feed
without debt, without hurt, without spite

then summed up in life and in peace
their presence, making for me
the time for generations anti-enduring

sábado, 1 de novembro de 2008

Manual do bem-comum

RECÔNDITOS DO MUNDO FEMININO

Baseado na crença de uma natureza feminina,
que dotaria a mulher biologicamente para
desempenhar as funções da esfera da vida privada,
o discurso é bastante conhecido: o lugar da
mulher é o lar, e sua função consiste em casar,
gerar filhos para a pátria e plasmar o caráter dos
cidadãos de amanhã. Dentro dessa ótica, não
existiria realização possível para as mulheres fora
do lar; nem para os homens dentro de casa, já que
a eles pertenceria a rua e o mundo do trabalho.

A imagem da mãe-esposa-dona de casa
como a principal e mais importante função
da mulher correspondia àquilo que era
pregado pela Igreja, ensinado por médicos e
juristas, legitimado pelo Estado e divulgado
pela imprensa. Mais que isso, tal representação
acabou por recobrir o ser mulher – e a sua
relação com as suas obrigações passou a ser
medida e avaliada pelas prescrições do dever
ser.

No manual de economia doméstica O lar
feliz
, destinado às jovens mães e “a todos
quantos amam seu lar”, publicado em 1916,
mesmo ano em que foi aprovado o Código
Civil da República, o autor divulga para um
público amplo o papel a ser desempenhado
por homens e mulheres na sociedade, e
sintetiza, utilizando a idéia do “lar feliz”, a
estilização do espaço ideologicamente
estabelecido como privado.

“Nem a todos é dado o escolher sua morada,
pois em muitos casais a instalação depende
da profissão do chefe”, afirma o compêndio,
em consonância com o Código.

“Entretanto à mulher incumbe sempre fazer
do lar – modestíssimo que seja ele – um templo
em que se cultue a Felicidade; à mulher
compete encaminhar para casa o raio de luz
que dissipa o tédio, assim como os raios de
sol dão cabo dos maus micróbios (...). Quando
há o que prenda a atenção em casa, ninguém
vai procurar fora divertimentos dispendiosos
ou prejudiciais; o pai, ao deixar o trabalho de
cada dia, só tem uma idéia: voltar para casa, a
fim de introduzir ali algum melhoramento ou
de cultivar o jardim. Mas se o lar tem por
administrador uma mulher, mulher dedicada e
com amor à ordem, isso então é a saúde para
todos, é a união dos corações, a felicidade perfeita
no pequeno Estado, cujo ministro da Fazenda é
o pai, cabendo à companheira de sua vida a pasta
política, os negócios do Interior.”

A descrição harmoniosa do “pequeno Estado”
discriminava as funções de cada um,
atribuindo ao marido e à mulher papéis
complementares, mas, em nenhum momento,
igualdade de direitos. Acentuava-se o respeito
mútuo, que pode ser traduzido como a
expressa obediência de cada sexo aos limites
do domínio do outro. Nas palavras de Afrânio
Peixoto, “iguais, mas diferentes. Cada um
como a natureza o fez”.


(MALUF, M. e MOTT, M. Lúcia. Recônditos do mundo feminino. In: SEVCENKO, N. (org.). História da vida privada no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.)

A origem de um formidável boato.

O MUNDO PARA TODOS

Durante debate recente, nos Estados Unidos, fui questionado sobre o que pensava da internacionalização da Amazônia. O jovem introduziu sua pergunta dizendo que esperava a resposta de um humanista e não de um brasileiro. Foi a primeira vez que um debatedor determinou a ótica humanista como o ponto de partida para uma resposta minha.
De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazônia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse patrimônio, ele é nosso. Respondi que, como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazônia, podia imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a Humanidade. Se a Amazônia, sob uma ótica humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro.
O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazônia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extração de petróleo e subir ou não o seu preço. Os ricos do mundo, no direito de queimar esse imenso patrimônio da Humanidade.
Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado. Se a Amazônia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país. Queimar a Amazônia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação.
Antes mesmo da Amazônia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo gênio humano. Não se pode deixar que esse patrimônio cultural, como o patrimônio natural amazônico, seja manipulado e destruído pelo gosto de um proprietário ou de um país. Não faz muito, um milionário japonês decidiu enterrar com ele um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado.
Durante o encontro em que recebi a pergunta, as Nações Unidas reuniam o Fórum do Milênio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA.
Por isso, eu disse que Nova York, como sede das Nações Unidas, deveria ser internacionalizada. Pelo menos Manhatan deveria pertencer a toda a Humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza especifica, sua história do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro.
Se os EUA querem internacionalizar a Amazônia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil. Nos seus debates, os atuais candidatos à presidência dos EUA têm defendido a idéia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida. Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do mundo tenha possibilidade de ir à escola. Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram, como patrimônio que merece cuidados do mundo inteiro. Ainda mais do que merece a Amazônia. Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um patrimônio da Humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem quando deveriam estudar; que morram quando deveriam viver. Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo. Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazônia seja nossa. Só nossa.

(BUARQUE, Cristovam. O Globo, 23/10/2000.)

Textos que formam; textos que o tempo não apaga 2

UM BOI VÊ OS HOMENS


Tão delicados (mais que um arbusto) e correm
e correm de um para outro lado, sempre esquecidos
de alguma coisa. Certamente, falta-lhes
não sei que atributo essencial, posto se apresentem nobres
e graves, por vezes. Ah, espantosamente graves,
até sinistros. Coitados, dir-se-ia que não escutam
nem o canto do ar nem os segredos do feno,
como também parecem não enxergar o que é visível
e comum a cada um de nós, no espaço. E ficam tristes
e no rasto da tristeza chegam à crueldade.
Toda a expressão deles mora nos olhos – e perde-se
a um simples baixar de cílios, a uma sombra.
Nada nos pêlos, nos extremos de inconcebível fragilidade,
e como neles há pouca montanha,
e que secura e que reentrâncias e que
impossibilidade de se organizarem em formas calmas,
permanentes e necessárias. Têm, talvez,
certa graça melancólica (um minuto) e com isto se fazem
perdoar a agitação incômoda e o translúcido
vazio interior que os torna tão pobres e carecidos
de emitir sons absurdos e agônicos: desejo, amor, ciúme
(que sabemos nós?), sons que se despedaçam e tombam no campo
como pedras aflitas e queimam a erva e a água,
e difícil, depois disto, é ruminarmos nossa verdade.


(ANDRADE, Carlos Drummond de. Reunião: 10 livros de poesia. Rio de Janeiro: José Olympio, 1977.)


Mulher ao espelho


Hoje, que seja esta ou aquela,
pouco me importa.
Quero apenas parecer bela,
pois, seja qual for, estou morta.

Já fui loura, já fui morena,
Já fui Margarida e Beatriz.
Já fui Maria e Madalena.
Só não pude ser como quis.

Que mal faz, esta cor fingida
do meu cabelo, e do meu rosto,
se tudo é tinta: o mundo, a vida,
o contentamento, o desgosto?

Por fora, serei como queira
a moda, que me vai matando.
Que me levem pele e caveira
ao nada, não me importa quando.

Mas quem viu, tão dilacerados,
olhos, braços e sonhos seus,
e morreu pelos seus pecados,
falará com Deus.

Falará, coberta de luzes,
do alto penteado ao rubro artelho.
Porque uns expiram sobre cruzes,
outros, buscando-se no espelho.

MEIRELES, Cecília. Poesias Completas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1973.)

Textos que formam; textos que o tempo não apaga

EM DEFESA DA RAZÃO

Estou chegando aos 70 anos. Minha geração assistiu a mais revoluções científicas, tecnológicas e sociais do que todas as gerações anteriores. Com essa experiência de vida, preocupa-me o que estamos deixando para os nossos netos: um mundo onde as pessoas desconfiam dos cientistas e se entregam às crendices. Um mundo de violência, injustiça e desencanto, que abre espaço para a exploração do desespero da população.
Durante décadas, lutei desesperadamente para trazer racionalidade às gerações que me sucederiam, acreditando na ciência e em suas conquistas. A caminhada do homem na Lua, as fotos dos planetas distantes, os computadores, a televisão direta dos satélites, as vacinas que eliminaram da face da Terra a varíola e a poliomielite, os remédios desenhados em computadores que curam o câncer quando detectado a tempo, os transplantes de coração e rins, a biotecnologia gerando plantas mais resistentes e mais produtivas, que liquidaram com a profecia de Malthus, afastando o perigo da fome universal. E, apesar disso, o que colhemos? Uma geração de crédulos sem capacidade crítica.
Até mesmo as pessoas que seguiram carreira técnico-científica não entendem a racionalidade da ciência. Consomem toneladas de pseudomedicamentos sem nenhum efeito positivo para o organismo. Engolem comprimidos de vitaminas que serão eliminadas na urina. Consomem extratos de plantas com substâncias tóxicas e abandonam o tratamento médico. Gastam fortunas com diferentes marcas de xampu que contêm sempre o mesmo detergente, mas anunciam“alimentos” para os cabelos, quando estes recebem nutrientes diretamente do sangue que irriga suas raízes. Há os que untam o rosto com colágeno – geléia de mocotó – e ovos e acham que estão rejuvenescendo.
Fui professor de colégio e de faculdade de medicina. Fiz pesquisas, formei uma dúzia de discípulos que hoje pesquisam, são professores universitários e já criaram meia centena de meus netos intelectuais. Na universidade, desenvolvi um novo modelo de ensino médio.
Revolucionei o ensino das ciências nas escolase improvisei na televisão o primeiro programa de ensino de ciência. Produzimos novos livros substituindo totalmente o conteúdo do ensino.
Por tudo isso, fico pasmado ao ver que, às portas do ano 2000, as pessoas lêem horóscopos sem jamais comparar as previsões da véspera com o que realmente aconteceu. Desconfiam dos cientistas, mas acreditam nas cartomantes,que prevêem o óbvio. Formamos uma geraçãode pseudo-educados, que querem ser enganados nas farmácias, pelos curandeiros que enfiam agulhas em seus pés e manipulam sua coluna, pelos ufologistas, que vêem extraterrestres chegar e sair sem ser detectados pelos radares. Uma geração que se deixa levar por benzedeiras e charlatães com suas poções, por anúncios desonestos na televisão e por pregadores a quem entregam parte do salário. Saem as descobertas e as experiências científicas e entram os duendes, anjos e bruxos.
Mas nem tudo está perdido. Ainda há quem encontre motivação para se guiar pelo racionalismo e pela ciência – e para mudar. E há muito que fazer. É preciso combater o irracionalismo e as mistificações, onde quer que eles se manifestem: na televisão, nos locais de trabalho, nas faculdades. Podemos começar pela educação. Hoje, as pessoas passam um terço da vida nas salas de aula sem aprender e ninguém se importa. Criamos robôs que nos permitem ter uma produção cada vez maior de bens, mas ficamos prisioneiros de uma sociedade cada vez menos justa. Numa sociedade em que a ciência expandiu a longevidade do homem, não oferecemos à maioria da população segurança física nem acesso ao que a medicina moderna pode oferecer – nem mesmo a garantia de teto e comida.
Enfim, criamos um campo propício para aproliferação dos enganadores. Está na hora de quebrar a insensibilidade dos governos e das lideranças para tentar corrigir isso. Não será nos entregando à irracionalidade que sairemos desse buraco e construiremos um futuro melhor para os nossos netos.
(RAW, Isaias. Veja, 09/04/1996.)

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Amarelo, verde, azul...branco. E a situação, preta.

O tema é polêmico e complexo demais para tratar em linhas gerais. A necessidade da mulher em trabalhar vai muito além do compromisso de prover uma família. Não que o mercado ou os tempos tornaram-se piores do que anos atrás, mas é a pressão seletiva antropológica cada vez mais exclusiva, principalmente, em se tratar do âmbito global. O que hoje se determina, ou se preza, é repercutido veloz e catastroficamente no mundo de relacionamentos. Passadas as vilas e as aldeias, o cenário contemporâneo permite tanto o acesso às informações e às riquezas quanto o caráter humano ser dissecado em Kbytes por segundo.

A mulher, o ser humano, possui o intrínseco desejo de se manter digno e notório frente aos seus pares. Ser mãe, profissional, cobiçada sexualmente, administradora do lar, ótima filha, querida irmã, fiel amiga são alguns dos pilares de sustentação. Há de explorar ainda mais sucinto e honestamente acerca desses pilares de maneira individual e em conjunto; porém, há também outros contra-pilares, como, por exemplo, a ímpar instância de se viver, sobreviver, manter-se bem e satisfeito, mesmo a custa de alguns pilares ruírem. Quanto mais se aumenta o eu-desejo, mais se diminui a chance de ser plenamente satisfeito.Viver abraçado não enche o ego de ninguém - ficamos meio cheio e meio vazio. Viver separado exclui a chance de estar-se plenamente satisfeito.

Enfim, nesse complexo polígono da vida, mais vale encostar-se numa só aresta apenas do que ficar indefinido num vértice qualquer. Nele, somos nada; nela, aparecemos.

Wilen Norat Siqueira


Por Cynthia Magnani • 28/10/2008
Nos últimos três séculos, a situação das mulheres na sociedade, graças ao movimento feminista, mudou bastante: votamos como os homens, podemos pedir o divórcio por vontade própria e somos maioria nas universidades. No entanto, em relação ao acesso ao mercado de trabalho, as mudanças têm ocorrido de maneira um pouco mais lenta. E o mais perturbador: a maternidade ainda é, muitas vezes, um entrave para a carreira. Uma pesquisa feita por uma das maiores empresas de recursos humanos norte-americanas, o grupo Catalyst, indica que cerca de 25% das mulheres com filhos pequenos decidem não voltar a trabalhar após o nascimento deles. Os pesquisadores entrevistaram quase duas mil mães entre 20 e 44 anos nos Estados Unidos, Canadá e Suécia, e perceberam que, para 43% delas, a vida profissional passou a interferir negativamente no ambiente familiar. Segundo 83% das entrevistadas, a chegada de um filho fez com que elas passassem a valorizar mais uma vida em família equilibrada do que o sucesso na carreira.
A mulher moderna acumula as funções de cuidar de casa, do trabalho, do próprio corpo (afinal, a concorrência anda acirrada), do marido e dos filhos. Como se não bastasse, o sexo feminino ainda sofre preconceitos, como salários menores que os dos homens e pouca representatividade entre os cargos de chefia de grandes empresas, por exemplo.
As sanções para quem não respeita os direitos das mulheres são jurídicas e legais, mas também de quebra de contratos comerciais ou de imagem
Segundo Leyla Nascimento, presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos - seção Rio de Janeiro (ABRH-RJ), a mais conhecida forma de preconceito é a demissão de profissionais mulheres ao saberem que elas estão grávidas. "É uma visão míope da empresa que, ao comportar-se dessa forma, gera um clima organizacional péssimo, que impacta na performance e nos resultados dos demais funcionários. E o que considero pior: reflete no mercado uma imagem muito ruim. A marca passa a não ser valorizada, pois a empresa esquece que estamos na "sociedade do relacionamento" e essas informações são transferidas para o mercado. Nenhum profissional quer ter no seu currículo uma empresa que não possua uma boa imagem. Assim, a organização passará a ter dificuldades de reter os seus talentos ou de recrutar bons profissionais. Além disso, no mercado global, muitos países não mais aceitam estabelecer relações comerciais com empresas que não trabalham com a diversidade. As sanções para quem não respeita os direitos das mulheres são jurídicas e legais, mas também de quebra de contratos comerciais ou de imagem", alerta.
Mas, infelizmente, muitas empresas ainda torcem o nariz ao saber que uma funcionária está grávida ou que pretende ter filhos em breve. Isso em pleno século XXI. Por esses motivos, muitas mulheres adiam a gravidez ou simplesmente abrem mão de serem mães, apenas para se dedicarem ao trabalho.

A relações-públicas contratada pelo Exército Ana Luiza Oliveira é uma das que optaram por esperar um pouquinho mais para engravidar por causa do trabalho. "Para exercer a profissão em que me formei e buscar aperfeiçoamento através de cursos de especialização tive que mudar de cidade e construir minha vida em um lugar diferente. Acho que ainda é possível, sim, conciliar filhos e trabalho, mas é necessário ajuda de outras pessoas, como familiares, babás ou creches. Por isso achei melhor esperar mais para realizar o meu grande sonho de ser mãe", diz. Depois de cinco anos morando no Rio de Janeiro, Ana Luiza conseguiu, este ano, voltar para sua cidade natal, Volta Redonda, no interior do estado. Ela se diz pronta para retomar o sonho da maternidade. "Como atualmente minha vida está mais engrenada, pessoal e profissionalmente, podendo conciliar minha carreira com a vida pessoal, estou programando para o próximo ano a vinda do tão esperado baby", comemora.

http://msn.bolsademulher.com/familia/materia/maternidade_ou_profissao/31722/1

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

O sublime e o atroz são características do homem?
O que leva ao sublime e ao atroz?

De um grão, tudo
De um afeto, tudo.

Será que afeto e grão estão no mesmo estrato conotativo ou denotativo? Numa rápida e rasa análise poder-se-ia dizer que sim; já que, segundo o que foi estabelecido como proposições, leva-nos a conectar sentenças lógicas e concluirmos de forma equivocada. O tudo não cabe em si.
Somos substância; somos pensamentos. Somos lembranças ou até mesmo esquecimento. No entanto, se nem mesmo um preciso delito pode ser isento de evidências, nós, homens, também somos singularmente notáveis. De uma singamia, um mundo de sentimentos e sensações – É tão sublime quanto atroz. De energia em energia, autólise e apoptoses, uma célula desenvolve-se em muitos milhões iguais a primeira – em um ser humano. De mortes, uma vida. De muitas mortes, tua vida. De um ato atroz conjugal ou extra-conjugal, uma vida. Acaso, os fins justificam, explicam, entendem, compreendem, dizem o tempo ou as circunstâncias dos meios? Há muitas relações e pouco sentido. O juízo que se tem acerca do recato de viver é dependente da estreita visão que se tem dos fatos. Eu, sublime; Tu, atroz. Ora, prosa; ora poesia.


Da luz da alvorada ao brilho especular da lua
do cheiro de jasmim logo de manhã
do choro pueril ao beijo da amada
vêm o sublime e o atroz
juntos.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Nem Lula e nem Papa, se discute.

É notória a estranheza dessa popularidade do Presidente Lula. Homem, proveniente do povo, pobre e com apenas formação profissionalizante, conseguiu alcançar proporções e dimensões nunca antes atingidas por outras figuras políticas mais refinadas. Há pouco, já tinha sido hóspede da rainha Elizabeth II, conforme registra a revista Isto É em 15/03/06 (http://www.terra.com.br/istoe/1899/brasil/1899_o_desbrunde_londrino_de_lula.htm ). Um fato também de tamanha estranheza, pois é a primeira vez que um chefe de Estado brasileiro torna-se convidade da aristocracia inglesa. Como pode, esse torneiro mecânico chegar aonde chegou? Uns dirão do acaso altamente fortuito; outros do oportunismo da História ou do mercado -político; e ainda terão aqueles que farão pouco do momento e ficarão à margem maculando o cenário contemporâneo. Eu, porém, aposto no tiro que saiu da culatra - um erro mal calculado. Como ensinar para as crianças que a falta de anos de estudos e de investimentos pesados na educação fazem do país Auriverde sede do Presidente sem pós-graduação ou dos heróis de chuteiras com vícios e com silepses sintáticas? É fato: o Lula é pop, valendo a máxima do "falem mal, mas falem de mim". Todos que estão no telhado, límpido e cristalino, sofrem de chuvas de pedra. E mesmo ocorrendo tal risco, todos os outros desejam estar sob o torrencial de monolitos. No país campeão de popularidade com Big Brother e Orkut, querer aparecer é pouco - a imagem é tudo! Não temos Gentileza; temos sua marca apagada entre os focos da media:
Gentileza
Apagaram tudo
Pintaram tudo de cinza
A palavra no muro
Ficou coberta de tinta
Apagaram tudo
Pintaram tudo de cinza
Só ficou no muro
Tristeza e tinta fresca
Nós que passamos apressados
Pelas ruas da cidade
Merecemos ler as letras
E as palavras de Gentileza
Por isso eu pergunto
À você no mundo
Se é mais inteligente
O livro ou a sabedoria
O mundo é uma escola
A vida é o circo
Amor palavra que liberta
Já dizia o Profeta.
Marisa Monte

Ter, 30 Set, 09h42
Uma biografia em inglês do presidente Luiz Inácio Lula da Silva será lançada hoje em Londres. O professor Richard Bourne, da London University, retrata a vida do presidente em "Lula of Brazil - The Story So Far", publicada pela Zed Books. O livro levanta a história de Lula desde sua infância no Nordeste brasileiro, passando pela atuação sindical no ABC paulista, a fundação do Partido dos Trabalhadores, as tentativas de eleição presidencial em 1989 e 1998, as campanhas vitoriosas em 2002 e 2006 e também pelos escândalos de corrupção que abateram as figuras mais importantes do seu governo.
Com 272 páginas, a biografia é apresentada como "a história de um homem contra a história contemporânea de um poder emergente". O britânico Richard Bourne visitou o Brasil pela primeira vez em 1965, como jornalista do jornal "The Guardian". Ele também é autor de outros livros sobre a América Latina, como "Assault on the Amazon", "Getúlio Vargas of Brazil: Sphinx of the Pampas" e "Political Leaders of Latin América".

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Em busca do blog nascente.

Coincidência? Moda? Tendência? Influência? São essas e mais perguntas que vêm pela mente a respeito de certas notícias de cunho mais íntimo. É notório a revolução das conquistas do sexo, da tentativa de igualdade dos gêneros e, com isso, da permissividade do "tudo pode" nas relações humanas. Será só isso? A busca incessante de uma marca pessoal, do destacamento individual na Era da rede de computadores, torna-se possível, cada vez mais, a apuração dessas notícias instântaneas e comuns hoje em dia. Um clik! E a manchete está disponível para toda a rede. A combinação da velocidade, da tecnologia das comunicações e das transformações nos relacionamentes socias, mais uma vez, retratam um contexto de novo hedonista, raso e fugaz. À qualquer distância de dois computadores, com milhares de gigabytes de diferença, o caminho mais próximo entre dois seres são as águas espelhadas, fundas, de cada ego-cidadão - até o espaço mais socialista, na verdade, é a real representação dos interesses pessoais. Mais do que o objetivo em questão, é a própria imagem que importa na maternidade cibernética; o que não é visto, não existe.
A cada instante, um novo ser.



Blogueira procura doador de esperma pela internet

Norte-americana quer ter um filho por inseminação artificial. Ela vai selecionar 15 candidatos antes de escolher o pai da criança.

Uma blogueira norte-americana traçou uma estratégia inusitada para "enfrentar o desafio de ter um filho". Na rede de blogs "The Garage Sale", ela se identifica como Amy, de 26 anos, e diz que está a procura de doadores de esperma para que ela possa ter seu primeiro filho. "Eu não procuro um pai que possa ter qualquer papel na gestação ou na criação da criança, eu só preciso dos espermatozóides", diz o texto de Amy. Depois de receber as propostas, ela vai selecionar 15 candidatos e conversará por telefone com cada um deles para decidir quem será o doador. Amy diz que vai dar preferência aos candidatos que não tenham histórico de doenças na família, sejam inteligentes e bonitos. Ela conta que pensou em procurar bancos de esperma, mas desistiu de pagar pelo "produto". "É o mesmo que pagar pela luz do sol", compara. Amy é uma das colaboradoras do blog "The Garage Sale", em que os autores anunciam produtos. Ela conta que já chegou a namorar duas pessoas que conheceu pela comunidade do blog, e por isso resolveu buscar ajuda entre os usuários. Nesta quarta (24), um dia depois de anunciar o "concurso", Amy diz que a resposta foi positiva. "Fui soterrada com uma variedade de propostas de alto nível. Não tenho dúvidas de que vou conseguir o par perfeito", diz ela no blog.
24/09/08 - 19h09 - Atualizado em 24/09/08 - 19h13

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Media, média e moda!

Depois da estudante americana que resolveu leiloar sua virgindade para custear seus estudos, e da modelo italiana que quer vender sua primeira vez por um milhão de euros, o equivalente a R$ 2,6 milhões, o Brasil também já tem o seu primeiro caso de venda de hímen. Trata-te de Carol Miranda, sobrinha de consideração de Gretchen, que está sendo sondada para perder a virgindade em um filme pornô.

Carol recebeu proposta no valor de R$ 500 mil da produtora "Sexxxy World" para ter sua primeira transa em frente às câmeras, e tem que dar a resposta se topa ou não a empreitada na segunda-feira, 22.
Caso concorde, Carol deverá apresentar um atestado de que é mesmo virgem, e começar a filmar imediatamente, já que o filme tem pré-venda para o dia 1º de outubro, e lançamento estimado para 1º de novembro.
Perguntada se está tendendo a aceitar a proposta, ela diz que ainda não sabe e que está pensando. Já quando o assunto é a virgindade, a resposta está na ponta da língua.
“Não entendo. Se a pessoa sai com todo mundo, é vagabunda. Se diz que não saiu com ninguém, é tida como mentirosa. Prefiro passar por mentirosa”, diz ela reafirmando sua pureza.

Auto-destruição

Parece-me que a ignorância - muito além da falta de conhecimento, é o não-querer sentir ou perceber novas perspectivas - é a sombra aterrorizadora da sociedade. Sempre foi. O grito dos excluídos ecoam surdamente nas vilas e nas vielas como a mais bela canção-muda. Além dos deficientes-visuais, os pedintes, os mancos ou coxos, as crianças nos semáforos e até mesmo um ou outro qualquer semelhante consternado sofrem com esse trauma de veludo - a indiferença. Como passar por alguém e não notar suas marcantes angústias, tão tristes que o fazem perder o sono ou chorarem lágrimas de desespero? Falta de visão. Não dos cegos; mas da cegueira egocêntrica - o mal começa na boca e termina no próprio umbico.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Homenagem ao Fausto Wolff.

"Meu último e-mail ao Fausto

Caro amigo Fausto, Quando te conheci meus cabelos cobriam as orelhas, tocavam meus ombros e sonhava ser John Lennon ouvindo Tom, Vinícius, Nelson Cavaquinho e o Clube da Esquina. Naquela época a energia era muita e você passou a ser meu `Personal Trainer` naqueles exercícios aeróbicos de arremesso de pedras na Av. Rio Branco e corridas de fuga dos soldados da polícia. Com o tempo deixou de treinar meu corpo e passou a ser referência para a minha mente. Perseguia-te semanalmente no Pasquim e às vezes te acompanhava nesse imenso circo da vida e vimos juntos o acrobata pedir licença e cair. Por um longo tempo acompanhei a tua mão esquerda e percebi o tanto que tínhamos em comum. Você não dizia o que eu queria ouvir. Era mais do que isso. Você dizia o que eu queria dizer. Por um tempo você sumiu. Me disseram que andava pela Dinamarca e Itália, mas no fundo eu tinha certeza que voltaria ao teu país. Esse mesmo país que você tanto amou e tanto quis ter orgulho. Na tua ausência, montei outra casa, casei, tive filhos, mas teus livros na estante continuavam aguardando o teu retorno. Tinha certeza de que voltaria.Pareciam ser novos tempos aqueles em que Brizola voltou. E você também voltou!!! Voltei pra rua, fiz campanha pra ti, gaúcho maluco! Novos livros, mas sempre as mesmas idéias de justiça, indignação e luta. Sempre desconfiei que o homem era mesmo seu próprio algoz e mesmo você estando mais difícil de se encontrar, continuei te catando onde você estivesse.
Finalmente o JB te reencontrou e nossa convivência passou a ser diária. Minha primeira leitura do dia era você. Com essa intimidade cotidiana passei a ousar mais, me atrevendo a te mandar cartas e e-mails com o respeito de um menino que manda cartinhas ao seu mais querido professor. E você sempre respondia. E qual não foi minha surpresa quando, num sábado de 2005, chegando ao trabalho, o rapaz dono da banca de jornal grita enquanto eu estacionava o carro: Seu Carlos, o Fausto publicou uma carta tua na coluna dele do JB. Caramba, o Fausto fazer das minhas palavras as suas. E isso voltou a acontecer por mais três ou quatro vezes. E agora você vai embora de vez e não tem mais retorno.Quem eu vou ler todas as manhãs, Fausto? Quem vai me ajudar a entender que não sou o único a lutar contra a corrente? Quem vai me dizer, todas as manhãs, que a luta continua? Assim como você eu queria um Mundo mais justo, eu queira um Brasil melhor, eu queria as crianças estudando e livres do crime e da miséria, eu queria chances iguais a todos e queria, principalmente neste momento, acreditar em Deus pra te mandar uma oração, mas como não posso te mando minha admiração, meu respeito e MEU MUITO OBRIGADO! Esteja aonde estiver receba um carinhoso abraço e, me permita, um beijo deste velho socialista e amigo."
Carlos Alberto Neves.
PS: Minha filha me deu teu último livro Olympia, mas não vou abrí-lo por enquanto. Preciso de mais tempo pra isso.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Um elefante rosa na selva

Qui, 11 Set, 12h07

LOS ANGELES, Estados Unidos (Reuters) - Uma norte-americana de 22 anos está leiloando publicamente sua virgindade para pagar seus estudos, fomentando um caloroso debate na rede sobre sexo e moralidade.


A estudante de San Diego, Califórnia, que usa o pseudômino de Natalie Dylan por "motivos de segurança", afirmou que não enfrentou dilemas morais com sua decisão.
Mas poucos blogueiros a apoiaram e alguns suspeitam de suas intenções.


"Não acho que leiloar minha virgindade irá resolver todos os meus problemas", disse ela no programa de televisão The Insider na quarta-feira. "Mas irá dar alguma estabilidade financeira. Estou pronta para controvérsia, sei o que virá por aí. Estou pronta para isso".


"Vivemos numa sociedade capitalista. Por que eu não posso ganhar com a minha virgindade?", acrescentou.


A mulher, que recebeu diploma de graduação em estudos femininos e agora quer fazer um mestrado em terapia familiar e de casal, espera que as ofertas cheguem a 1 milhão de dólares.
O site de leilões eBay recusou hospedar o leilão, que agora acontecerá num bordel em Nevada, o Moonlite Bunny Ranch, onde a irmã dela trabalha para pagar as dívidas da faculdade. A data do leilão não foi informada.


Numa enxurrada de entrevistas e aparições na mídia, ela admitiu que sua mãe, professora, não concorda com sua decisão, assim como muitas pessoas na Internet.
Contudo, há pessoas que a apoiam, não surpreendentemente o dono do Moonlite Bunny Ranch, Dennis Hof.


"Acho uma tremenda idéia. Por que perder a virgindade para algum cara no banco de trás do carro quando você pode pagar pela sua educação?", disse ele a repórteres.
Usando a lei do mercado: pouca oferta, aumenta-se o preço.
A que ponto se chega a necessidade de o ser humano tornar-se notável. Se é verdade ou não, pouco importa; já que houve a publicação de uma informação acerca da oferta de um estado psicossocial de uma jovem, dizendo estar em dificuldades. Oportunismo? Desvio de conduta? Prostituição? Seja lá qual for o motivo, o limite, conforme a ética e a moral vigentes, da boa conduta está em níveis abissais. Era pouca toda a criminalidade, as dependências físicas ou psicológicas e as perversões naturais ou sociais; precisa-se de mais.

mais 1.

Salve!
Mais um entre tantos. Desta vez, ironicamente, com impressões pessoais de todo mundo. É isso: Nada é alguma coisa que seja tão genérica quanto a mais rica polissemia. Cada ponto com a sua vista; deixa o ponto dos outros em paz.
Não há média que não seja moldado pela moda da media. Nem pode ser. A media é uma moda da média.
Eis uma media; eis 1 qualquer na média; eis uma moda na media da média.
Moda, média e media.
É media!