sábado, 30 de janeiro de 2010

Vozes do interior

Nessa tarde de verão, ventilador ligado e caixas no chão, o coração está ainda mais simpático. Daqui a pouco vamos ao supermercado, a um passeio cultural - aprendendo a rotina familiar. Faltando, por volta de dezoito meses para a concretrude de um sonho, o casamento vem à sombra. Ora desejo que venha, ora que chegue o mais rápido. O dia, as horas, os minutos nunca se entendem. O tempo é mais do que relativo; é conveniente. As dúvidas cercam a mente e se multiplicam ainda mais. A língua tem vida própria e a vontade, o seu destino livre.

Um dia, sonhei em passar para o vestibular de Medicina; o sonho acabou e eu continuo a dormir.

Hoje, a vontade é arrumar o baú.

E sempre ser feliz - paz, carinho, alegrias e muita saúde - com a minha mulher amada, querida, inspirada e partícipe de todas as minhas ações.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Ai, e ti

"É, sim, lá em Acari..."
No nordeste
ou no Haiti.

Onde há fome
miséria ou tragédia
e muito mais.

Certa vez, falaram
que o "homem é o lobo do homem"
e o que mais?

"Fala-se de mais
e não tem nada a dizer"
Será?

Seja lá
ou aqui
quero paz

no meu Haiti.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Contemplação

"O amor é fogo que arde sem se ver..."

Com tantas fórmulas e com tantas hesitações, esse sentimento, que teima em aparecer e ficar, acaba com qualquer silogismo ou nexo causal.

Assim, simplesmente, sente-se. Sente a concretude desse coletivo de sensações.

Mais do que aquele frio na barriga ou aperto na garganta, a espera do ser amado cristaliza-se em um indescritível momento.

Que momento!

domingo, 10 de janeiro de 2010

e...

Mentira?
“A mentira é uma verdade que se esqueceu
de acontecer.”

Da infiel companheira

“Como um cego, grita a gente;
‘Felicidade, onde estás?’
Ou vai-nos andando à frente...
Ou fi cou lá para trás...”


Da felicidade

“Quantas vezes a gente, em busca da
ventura,
Procede tal e qual o avozinho infeliz:
Em vão, por toda parte, os óculos procura,
Tendo-os na ponta do nariz!”


Do amoroso esquecimento

“Esta vida é uma estranha hospedaria,
De onde se parte quase sempre às tontas,
Pois nunca as nossas malas estão prontas,
E a nossa conta nunca está em dia...”


Provérbio

“O seguro morreu de guarda-chuva.”

Da viuvez

“Ele está morto. Ela, aos ais.
Mas, neste lúgubre assunto,
Quem fi ca viúvo é o defunto...
Porque esse não casa mais.”


Da morte

“Um dia... pronto!... me acabo.
Pois seja o que tem de ser.
Morrer, que me importa?... O diabo
É deixar de viver!”

Clarividência

“O poema é uma bola de cristal. Se apenas
enxergares nele o teu nariz, não culpes o
mágico.”

Tique-taque

“Mera ilusão auditiva graças à qual a gente
ouve sempre ‘tique-taque’ e nunca ‘taque-tique’...
Depois disso, como acreditar nos relógios?
Ou na gente?”


O incorrigível

“O fantasma é um exibicionista póstumo.”


Cartaz para uma feira de livro

“Os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam
a ler e não lêem.”

Da preguiça

“A preguiça é a mãe do progresso. Se o homem
não tivesse preguiça de caminhar, não
teria inventado a roda.”



mais um pouco...

O PIOR

O pior dos problemas da gente é que ninguém tem nada com isso.

Caderno H


http://www.paralerepensar.com.br/m_quintana.htm

Um pouco de Mario Quintana...

DOS MILAGRES

O milagre não é dar vida ao corpo extinto,
Ou luz ao cego, ou eloqüência ao mudo...
Nem mudar água pura em vinho tinto...
Milagre é acreditarem nisso tudo!

Espelho Mágico


DA DISCRIÇÃO

Não te abras com teu amigo
Que ele um outro amigo tem.
E o amigo do teu amigo
Possui amigos também...

Espelho Mágico


O AUTO-RETRATO

No retrato que me faço
- traço a traço -
às vezes me pinto nuvem,
às vezes me pinto árvore...

às vezes me pinto coisas
de que nem há mais lembrança...
ou coisas que não existem
mas que um dia existirão...

e, desta lida, em que busco
- pouco a pouco -
minha eterna semelhança,

no final, que restará?
Um desenho de criança...
Corrigido por um louco!

Apontamentos de História Sobrenatural


INSCRIÇÃO PARA UM PORTÃO
DE CEMITÉRIO

Na mesma pedra se encontram,
Conforme o povo traduz,
Quando se nasce - uma estrela,
Quando se morre - uma cruz.
Mas quantos que aqui repousam
Hão de emendar-nos assim:
"Ponham-me a cruz no princípio...
E a luz da estrela no fim!"

A Cor do Invisível


http://www.paralerepensar.com.br/m_quintana.htm

sábado, 9 de janeiro de 2010

Voz passiva

Sem palavras.

Vejo-me nos mais diversos olhares. Sinto o peso do mundo e nada faço. Palavras saem da mente e vão direto para as letras do tec-tec do teclado. Assim como a ordem do mosaico lexical, encontro-me confuso perante a vida. A dor de uma perda de um ente querido, de bens sofridamente conquistados e da mudez covarde em relação as mazelas fazem-nos ainda menores. Fraco. Impotente.

Casamentos desfazendo-se; sonhos pesadelendo-se. Não há maior felicidade que amar e ser amado; compreender e ser compreendido; perdoar e ser perdoado. Como em todo humus, a morte faz germinar. Os pesadelos podem realizar-se em lindas realidades; as brigas podem tornar-se adesivos da união.

Olhar e não enxergar os sentimentos é o mesmo que ter nariz e não respirar. Se acaso temos a capa orgânica como transeunte, há de sermos substâncias históricas, com estórias e particulares sensações. Além das letras que nos identificam na carteira, somos o que podemos e o que já fizemos.

Como pode haver sorriso, se há algum siso? Como pode haver festa, se todos não foram convidados? Como posso ser eu, se os meus sentimentos são do mundo?

Como pode ter refrão, versos e rimas, se a vida não é poesia?

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Era quem?

O nó aperta na garganta com o mesmo gosto amargo das lágrimas. O dia não está para versos ou rimas. O dia, prosa. Com a fluidez de sentimentos confusos, peremptoriamente ansiosos, expressam-se com tanta força que ritmo e tom harmônicos não são bastantes para detê-los. A música é falada. A letra vem da estória do dia a dia, da mesma mesmice de sempre. Aff! Que tédio!

Não há mais força que o determinismo dos hábitos; do jeito de cada um; da idiossincrasia de cada constructo, feito e aprendido nos moldes da natureza cativa do ambiente em que se vive. Essa repetição de ideias, enfática ou enfadonha, é o espelho das três dimensões ao meu redor; é a exata expressão do eu em movimento. Ai, queria ser outro alguém em outro lugar sem ser a mudança que queria ver nos outros - quem é quem? Quem é esse anacoluto mais implícito no contexto?

Eu, os outros são iguais.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Memórias...

Que lindo dia! Manhã e tarde de sol
volto ao passado em segundos
quando vejo e ouço aquele dó

Dó de doer até não mais poder
de mexer todo o fundo
da música e dos versos que já fiz pra você

De volta ao presente
e passando o tempo sem dó
com a pior dor que se sente

domingo, 3 de janeiro de 2010

Em todo espinho, há rosas!

Puxa! Queria começar no dia primeiro, mas forças do hábito da preguiça não deixaram. É um pena que o ano já estreiou com tragédias; catástrofes. Já no dia três não tenho muito a dizer, pois as lágrimas secaram as vozes e as letras. A mesma chuva que lava e faz germinar, foi a mesma que, por ventura, ceifou vidas e sonhos. Pedras sobre pedras.

Não consigo sequer imaginar algo que possa...nem tentarei. A dor sufoca e amnesia os pensamentos.

A cada um, à Luz eterna!