sábado, 27 de novembro de 2010

Pensamento do dia.

Do dito popular:

Queria que aqui fosse o inferno - lugar de pessoas bem intencionadas.

O muro das letras.

O texto é longo, mas vale a pena lê-lo. Embora teórico e enfadonho, é digno de atenção e posterior postura reflexiva acerca do tema tão presente, redundante nos dias de hoje.

A crise no Rio e o pastiche midiático

QUINTA-FEIRA, 25 DE NOVEMBRO DE 2010


Sempre mantive com jornalistas uma relação de respeito e cooperação. Em alguns casos, o contato profissional evoluiu para amizade. Quando as divergências são muitas e profundas, procuro compreender e buscar bases de um consenso mínimo, para que o diálogo não se inviabilize. Faço-o por ética –supondo que ninguém seja dono da verdade, muito menos eu--, na esperança de que o mesmo procedimento seja adotado pelo interlocutor. Além disso, me esforço por atender aos que me procuram, porque sei que atuam sob pressão, exaustivamente, premidos pelo tempo e por pautas urgentes. A pressa se intensifica nas crises, por motivos óbvios. Costumo dizer que só nós, da segurança pública (em meu caso, quando ocupava posições na área da gestão pública da segurança), os médicos e o pessoal da Defesa Civil, trabalhamos tanto –ou sob tanta pressão-- quanto os jornalistas.

Digo isso para explicar por que, na crise atual, tenho recusado convites para falar e colaborar com a mídia:

(1) Recebi muitos telefonemas, recados e mensagens. As chamadas são contínuas, a tal ponto que não me restou alternativa a desligar o celular. Ao todo, nesses dias, foram mais de cem pedidos de entrevistas ou declarações. Nem que eu contasse com uma equipe de secretários, teria como responder a todos e muito menos como atendê-los. Por isso, aproveito a oportunidade para desculpar-me. Creiam, não se trata de descortesia ou desapreço pelos repórteres, produtores ou entrevistadores que me procuraram.

(2) Além disso, não tenho informações de bastidor que mereçam divulgação. Por outro lado, não faria sentido jogar pelo ralo a credibilidade que construí ao longo da vida. E isso poderia acontecer se eu aceitasse aparecer na TV, no rádio ou nos jornais, glosando os discursos oficiais que estão sendo difundidos, declamando platitudes, reproduzindo o senso comum pleno de preconceitos, ou divagando em torno de especulações. A situação é muito grave e não admite leviandades. Portanto, só faria sentido falar se fosse para contribuir de modo eficaz para o entendimento mais amplo e profundo da realidade que vivemos. Como fazê-lo em alguns parcos minutos, entrecortados por intervenções de locutores e debatedores? Como fazê-lo no contexto em que todo pensamento analítico é editado, truncado, espremido –em uma palavra, banido--, para que reinem, incontrastáveis, a exaltação passional das emergências, as imagens espetaculares, os dramas individuais e a retórica paradoxalmente triunfalista do discurso oficial?

(3) Por fim, não posso mais compactuar com o ciclo sempre repetido na mídia: atenção à segurança nas crises agudas e nenhum investimento reflexivo e informativo realmente denso e consistente, na entressafra, isto é, nos intervalos entre as crises. Na crise, as perguntas recorrentes são: (a) O que fazer, já, imediatamente, para sustar a explosão de violência? (b) O que a polícia deveria fazer para vencer, definitivamente, o tráfico de drogas? (c) Por que o governo não chama o Exército? (d) A imagem internacional do Rio foi maculada? (e) Conseguiremos realizar com êxito a Copa e as Olimpíadas?

Ao longo dos últimos 25 anos, pelo menos, me tornei “as aspas” que ajudaram a legitimar inúmeras reportagens. No tópico, “especialistas”, lá estava eu, tentando, com alguns colegas, furar o bloqueio à afirmação de uma perspectiva um pouquinho menos trivial e imediatista. Muitas dessas reportagens, por sua excelente qualidade, prescindiriam de minhas aspas –nesses casos, reduzi-me a recurso ocioso, mera formalidade das regras jornalísticas. Outras, nem com todas as aspas do mundo se sustentariam. Pois bem, acho que já fui ou proporcionei aspas o suficiente. Esse código jornalístico, com as exceções de praxe, não funciona, quando o tema tratado é complexo, pouco conhecido e, por sua natureza, rebelde ao modelo de explicação corrente. Modelo que não nasceu na mídia, mas que orienta as visões aí predominantes. Particularmente, não gostaria de continuar a ser cúmplice involuntário de sua contínua reprodução.

Eis por que as perguntas mencionadas são expressivas do pobre modelo explicativo corrente e por que devem ser consideradas obstáculos ao conhecimento e réplicas de hábitos mentais refratários às mudanças inadiáveis. Respondo sem a elegância que a presença de um entrevistador exigiria. Serei, por assim dizer, curto e grosso, aproveitando-me do expediente discursivo aqui adotado, em que sou eu mesmo o formulador das questões a desconstruir. Eis as respostas, na sequência das perguntas, que repito para facilitar a leitura:

(a) O que fazer, já, imediatamente, para sustar a violência e resolver o desafio da insegurança?
Nada que se possa fazer já, imediatamente, resolverá a insegurança. Quando se está na crise, usam-se os instrumentos disponíveis e os procedimentos conhecidos para conter os sintomas e salvar o paciente. Se desejamos, de fato, resolver algum problema grave, não é possível continuar a tratar o paciente apenas quando ele já está na UTI, tomado por uma enfermidade letal, apresentando um quadro agudo. Nessa hora, parte-se para medidas extremas, de desespero, mobilizando-se o canivete e o açougueiro, sem anestesia e assepsia. Nessa hora, o cardiologista abre o tórax do moribundo na maca, no corredor. Não há como construir um novo hospital, decente, eficiente, nem para formar especialistas, nem para prevenir epidemias, nem para adotar procedimentos que evitem o agravamento da patologia. Por isso, o primeiro passo para evitar que a situação se repita é trocar a pergunta. O foco capaz de ajudar a mudar a realidade é aquele apontado por outra pergunta: o que fazer para aperfeiçoar a segurança pública, no Rio e no Brasil, evitando a violência de todos os dias, assim como sua intensificação, expressa nas sucessivas crises?

Se o entrevistador imaginário interpelar o respondente, afirmando que a sociedade exige uma resposta imediata, precisa de uma ação emergencial e não aceita nenhuma abordagem que não produza efeitos práticos imediatos, a melhor resposta seria: caro amigo, sua atitude representa, exatamente, a postura que tem impedido avanços consistentes na segurança pública. Se a sociedade, a mídia e os governos continuarem se recusando a pensar e abordar o problema em profundidade e extensão, como um fenômeno multidimensional a requerer enfrentamento sistêmico, ou seja, se prosseguirmos nos recusando, enquanto Nação, a tratar do problema na perspectiva do médio e do longo prazos, nos condenaremos às crises, cada vez mais dramáticas, para as quais não há soluções mágicas.

A melhor resposta à emergência é começar a se movimentar na direção da reconstrução das condições geradoras da situação emergencial. Quanto ao imediato, não há espaço para nada senão o disponível, acessível, conhecido, que se aplica com maior ou menor destreza, reduzindo-se danos e prolongando-se a vida em risco.

A pergunta é obtusa e obscurantista, cúmplice da ignorância e da apatia.
(b) O que as polícias fluminenses deveriam fazer para vencer, definitivamente, o tráfico de drogas?

Em primeiro lugar, deveriam parar de traficar e de associar-se aos traficantes, nos “arregos” celebrados por suas bandas podres, à luz do dia, diante de todos. Deveriam parar de negociar armas com traficantes, o que as bandas podres fazem, sistematicamente. Deveriam também parar de reproduzir o pior do tráfico, dominando, sob a forma de máfias ou milícias, territórios e populações pela força das armas, visando rendimentos criminosos obtidos por meios cruéis.
Ou seja, a polaridade referida na pergunta (polícias versus tráfico) esconde o verdadeiro problema: não existe a polaridade. Construí-la –isto é, separar bandido e polícia; distinguir crime e polícia-- teria de ser a meta mais importante e urgente de qualquer política de segurança digna desse nome. Não há nenhuma modalidade importante de ação criminal no Rio de que segmentos policiais corruptos estejam ausentes. E só por isso que ainda existe tráfico armado, assim como as milícias.

Não digo isso para ofender os policiais ou as instituições. Não generalizo. Pelo contrário, sei que há dezenas de milhares de policiais honrados e honestos, que arriscam, estóica e heroicamente, suas vidas por salários indignos. Considero-os as primeiras vítimas da degradação institucional em curso, porque os envergonha, os humilha, os ameaça e acua o convívio inevitável com milhares de colegas corrompidos, envolvidos na criminalidade, sócios ou mesmo empreendedores do crime.

Não nos iludamos: o tráfico, no modelo que se firmou no Rio, é uma realidade em franco declínio e tende a se eclipsar, derrotado por sua irracionalidade econômica e sua incompatibilidade com as dinâmicas políticas e sociais predominantes, em nosso horizonte histórico. Incapaz, inclusive, de competir com as milícias, cuja competência está na disposição de não se prender, exclusivamente, a um único nicho de mercado, comercializando apenas drogas –mas as incluindo em sua carteira de negócios, quando conveniente. O modelo do tráfico armado, sustentado em domínio territorial, é atrasado, pesado, anti-econômico: custa muito caro manter um exército, recrutar neófitos, armá-los (nada disso é necessário às milícias, posto que seus membros são policiais), mantê-los unidos e disciplinados, enfrentando revezes de todo tipo e ataques por todos os lados, vendo-se forçados a dividir ganhos com a banda podre da polícia (que atua nas milícias) e, eventualmente, com os líderes e aliados da facção. É excessivamente custoso impor-se sobre um território e uma população, sobretudo na medida que os jovens mais vulneráveis ao recrutamento comecem a vislumbrar e encontrar alternativas. Não só o velho modelo é caro, como pode ser substituído com vantagens por outro muito mais rentável e menos arriscado, adotado nos países democráticos mais avançados: a venda por delivery ou em dinâmica varejista nômade, clandestina, discreta, desarmada e pacífica. Em outras palavras, é melhor, mais fácil e lucrativo praticar o negócio das drogas ilícitas como se fosse contrabando ou pirataria do que fazer a guerra. Convenhamos, também é muito menos danoso para a sociedade, por óbvio.

(c) O Exército deveria participar?

Fazendo o trabalho policial, não, pois não existe para isso, não é treinado para isso, nem está equipado para isso. Mas deve, sim, participar. A começar cumprindo sua função de controlar os fluxos das armas no país. Isso resolveria o maior dos problemas: as armas ilegais passando, tranquilamente, de mão em mão, com as benções, a mediação e o estímulo da banda podre das polícias.

E não só o Exército. Também a Marinha, formando uma Guarda Costeira com foco no controle de armas transportadas como cargas clandestinas ou despejadas na baía e nos portos. Assim como a Aeronáutica, identificando e destruindo pistas de pouso clandestinas, controlando o espaço aéreo e apoiando a PF na fiscalização das cargas nos aeroportos.

(d) A imagem internacional do Rio foi maculada?

Claro. Mais uma vez.

(e) Conseguiremos realizar com êxito a Copa e as Olimpíadas?

Sem dúvida. Somos ótimos em eventos. Nesses momentos, aparece dinheiro, surge o “espírito cooperativo”, ações racionais e planejadas impõem-se. Nosso calcanhar de Aquiles é a rotina. Copa e Olimpíadas serão um sucesso. O problema é o dia a dia.

Palavras Finais:

Traficantes se rebelam e a cidade vai à lona. Encena-se um drama sangrento, mas ultrapassado. O canto de cisne do tráfico era esperado. Haverá outros momentos análogos, no futuro, mas a tendência declinante é inarredável. E não porque existem as UPPs, mas porque correspondem a um modelo insustentável, economicamente, assim como social e politicamente. As UPPs, vale dizer mais uma vez, são um ótimo programa, que reedita com mais apoio político e fôlego administrativo o programa “Mutirões pela Paz”, que implantei com uma equipe em 1999, e que acabou soterrado pela política com “p” minúsculo, quando fui exonerado, em 2000, ainda que tenha sido ressuscitado, graças à liderança e à competência raras do ten.cel. Carballo Blanco, com o título GPAE, como reação à derrocada que se seguiu à minha saída do governo. A despeito de suas virtudes, valorizadas pela presença de Ricardo Henriques na secretaria estadual de assistência social --um dos melhores gestores do país--, elas não terão futuro se as polícias não forem profundamente transformadas. Afinal, para tornarem-se política pública terão de incluir duas qualidades indispensáveis: escala e sustentatibilidade, ou seja, terão de ser assumidas, na esfera da segurança, pela PM. Contudo, entregar as UPPs à condução da PM seria condená-las à liquidação, dada a degradação institucional já referida.

O tráfico que ora perde poder e capacidade de reprodução só se impôs, no Rio, no modelo territorializado e sedentário em que se estabeleceu, porque sempre contou com a sociedade da polícia, vale reiterar. Quando o tráfico de drogas no modelo territorializado atinge seu ponto histórico de inflexão e começa, gradualmente, a bater em retirada, seus sócios –as bandas podres das polícias-- prosseguem fortes, firmes, empreendedores, politicamente ambiciosos, economicamente vorazes, prontos a fixar as bandeiras milicianas de sua hegemonia.

Discutindo a crise, a mídia reproduz o mito da polaridade polícia versus tráfico, perdendo o foco, ignorando o decisivo: como, quem, em que termos e por que meios se fará a reforma radical das polícias, no Rio, para que estas deixem de ser incubadoras de milícias, máfias, tráfico de armas e drogas, crime violento, brutalidade, corrupção? Como se refundarão as instituições policiais para que os bons profissionais sejam, afinal, valorizados e qualificados? Como serão transformadas as polícias, para que deixem de ser reativas, ingovernáveis, ineficientes na prevenção e na investigação?

As polícias são instituições absolutamente fundamentais para o Estado democrático de direito. Cumpre-lhes garantir, na prática, os direitos e as liberdades estipulados na Constituição. Sobretudo, cumpre-lhes proteger a vida e a estabilidade das expectativas positivas relativamente à sociabilidade cooperativa e à vigência da legalidade e da justiça. A despeito de sua importância, essas instituições não foram alcançadas em profundidade pelo processo de transição democrática, nem se modernizaram, adaptando-se às exigências da complexa sociedade brasileira contemporânea. O modelo policial foi herdado da ditadura. Ele servia à defesa do Estado autoritário e era funcional ao contexto marcado pelo arbítrio. Não serve à defesa da cidadania. A estrutura organizacional de ambas as polícias impede a gestão racional e a integração, tornando o controle impraticável e a avaliação, seguida por um monitoramento corretivo, inviável. Ineptas para identificar erros, as polícias condenam-se a repeti-los. Elas são rígidas onde teriam de ser plásticas, flexíveis e descentralizadas; e são frouxas e anárquicas, onde deveriam ser rigorosas. Cada uma delas, a PM e a Polícia Civil, são duas instituições: oficiais e não-oficiais; delegados e não-delegados.

E nesse quadro, a PEC-300 é varrida do mapa no Congresso pelos governadores, que pagam aos policiais salários insuficientes, empurrando-os ao segundo emprego na segurança privada informal e ilegal.

Uma das fontes da degradação institucional das polícias é o que denomino "gato orçamentário", esse casamento perverso entre o Estado e a ilegalidade: para evitar o colapso do orçamento público na área de segurança, as autoridades toleram o bico dos policiais em segurança privada. Ao fazê-lo, deixam de fiscalizar dinâmicas benignas (em termos, pois sempre há graves problemas daí decorrentes), nas quais policiais honestos apenas buscam sobreviver dignamente, apesar da ilegalidade de seu segundo emprego, mas também dinâmicas malignas: aquelas em que policiais corruptos provocam a insegurança para vender segurança; unem-se como pistoleiros a soldo em grupos de extermínio; e, no limite, organizam-se como máfias ou milícias, dominando pelo terror populações e territórios. Ou se resolve esse gargalo (pagando o suficiente e fiscalizando a segurança privada /banindo a informal e ilegal; ou legalizando e disciplinando, e fiscalizando o bico), ou não faz sentido buscar aprimorar as polícias.

O Jornal Nacional, nesta quinta, 25 de novembro, definiu o caos no Rio de Janeiro, salpicado de cenas de guerra e morte, pânico e desespero, como um dia histórico de vitória: o dia em que as polícias ocuparam a Vila Cruzeiro. Ou eu sofri um súbito apagão mental e me tornei um idiota contumaz e incorrigível ou os editores do JN sentiram-se autorizados a tratar milhões de telespectadores como contumazes e incorrigíveis idiotas.

Ou se começa a falar sério e levar a sério a tragédia da insegurança pública no Brasil, ou será pelo menos mais digno furtar-se a fazer coro à farsa.

Postado por Luiz Eduardo Soares às 21:08

http://luizeduardosoares.blogspot.com/2010/11/crise-no-rio-e-o-pastiche-midiatico.html?spref=fb

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Vamos de braços dados.

O inimigo agora é outro. Essa foi a chamada muito usada para o filme do momento.

Milhares de pessoas estão acompanhando outras milhares sendo vítimas e sendo presas por um desequilíbrio de forças. Foram décadas de negligência dos governos, ausente em diversos setores básicos, fundamentais para o crescimento organizado das cidades. Crianças saem da maternidade, muitas vezes, com o peso da fome e do abandono; jovens aprendendo sem escola, sem família; adultos, sem limites. É nesse espectro que os muros da insegurança e do terror cercam as nossas casas. A mesma classe média que agora confia no poder público, na segurança pública diante o espetáculo midiático de vários "meus guris", guris que nascem pelos bailes funks e seguem a lógica excludente que esta classe determina. Olhares de nojo, vidros elétricos levantados, esmola humilde e exploração do trabalho servil ad eternum.

Se fosse por um acidente, já seria lastimável; agora, sendo produto desta desorganização complexa...





...sem palavras.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Lente de um ponto.

Ontem foi a realização do ENADE - Exame Nacional de Desempenho dos Estudante - quando milhares de jovens universitários do país responderam as perguntas. Se foram honestos não sei; mas essas respostas farão parte dos resultados obtidos por meio das vontades e das motivações de cada um.

Era um dia sol e calor na cidade do Rio de Janeiro, uma tarde convidativa para a contemplação ou mesmo para um merecido descanso. Foram quarenta questões, sendo quatro discursivas, de temas que variam desde conhecimentos específicos de cada área até os de formação geral; ou seja, de cunho político. Nada contra. É o que se espera de jovens formados durante toda graduação, com as mais diferentes vivências pessoas, que serão futuros ou futuras profissionais, tendo o compromisso de se posicionarem diante fatos e situações.

Gostei. Achei muito boas as questões, todas bastantes equilibradas, claras e objetivas em seus propósitos. Esperemos que esse retorno dos estudantes possam efetivamente servir de molde para as urgentes necessidades de melhoras tanto nas universidades quanto no ensino.

Agora, eis uma das minhas respostas discursivas acerca do seguinte tema:

Comportamento ético nas sociedades democráticas

Em seu texto, aborde os seguintes aspectos:

a) Conceito de sociedade democrática;
b)Evidências de um comportamento não ético de um indivíduo;
c) Exemplo de um comportamento ético de um futuro profissional comprometido com a cidadania.



Este? Aquele? Muito mais do que apontar qual o caminho, a democracia representa a chance de ouvir vozes, ecos ou pensamentos de todos os atores sociais. Não encerra assim o equilíbrio eqüitativo das várias vontades políticas. Cada vista em seu ponto guarda em si sua história ou suas motivações para atravessar o caminho da ética.

Usar dinheiro ou verba pública, por exemplo, em benefício próprio é não ético com as obrigações tanto de um cidadão quanto de um servidor público permanente ou temporário; mas é seguir seus impulsos morais para atender a ética a que pertence seus interesses. A questão é: a apropriação indevida de verba pública é mais do que anti-ética; é crime. A motivação a que levou o desvio de conduta, deixemos para a psicanálise; o desvio de conduta, para a lei.

Um futuro profissional comprometido com a cidadania, independente do comportamento ético, deverá cumprir e zelar a lei a que é submetido. Deverá, por princípio, garantir o respeito e a dignidade humana, de acordo com a moral vigente. A ética pode até transformar-se. A moral pode também relativizar-se; porém, o calor de um abraço, a luz de um sorriso e a certeza de um bem-estar garantem tão bem o anseio de nossa bandeira: ordem e progresso.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Palavra amiga; palavra que cura.




De um conto intimista misturado a uma fantasia real, mais um "não" foi por terra. Aliás, o segundo criptografado em letras e enredos. Somos feitos de carne, osso e de muito proveito com dramas e emoções.

Ofereço este exemplar a todos que um dia ousaram acreditar em tantas negativas que hoje conhecem a dimensão exata de seus infinitos: na janela, o céu não há limite.

Ps: Quem leu, saberá.

Ps2: Aos interessados:

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Re-leitura da Re-visão

Acerca do marco inicial, do espanto de onde e como viemos, o zero tem o seu valor máximo. Ele é o nada, que resulta tudo. A ausência mais completa que um sentimento humano pode perceber. Do zero, uma pedra; do zero, mais zeros.

Para isso, para o zero e para todas as pedras, lanço uma homenagem à pedra angular de nossas vidas; à pedra sobre todas as pedras: à nossa mãe.

Do nada, do indefinido, do pingo que seja alguém, surge algo. Pedras no caminho? Mais caminho.

Pedra, caminho, pedra



O princípio não sei
complemento o ambíguo
quem, o quê, quando

Uma gota pode ser muito
tudo pode ser pouco
pedra, pingo, ponto

Um choro pode ser nada
rir pode ser muito
água, pingo, ponte

Um ato pode ser nunca
gestos podem ser sempre
fome, pingo, ponta

Um ai pode ser alguém
gritos podem ser ninguém
verdade, pingo, pinta

Mãe, mãe é para sempre toda
amor que não tem igual
amizade, pingo, ponte

Fato pode ser indefinido
sujeito pode ser indeterminado
um pingo pinta

quem?


Suspiro

Partimos ao infinito
juntos chegamos ao céu
seu sorriso terno e bonito
como a cera, a abelha e o mel

Versos sinceros tornam-se mínimos
na dilacerante paixão pela natureza
oferece o amor aos íntimos
completando o círculo da beleza

a sacra união dos corpos
é linda, é perfeita
até o último respirar

Pára o mundo, o mundo não quer parar
meu amor, mais um dia
na água, na terra e no ar.

12/03/2001

Um dia

No frio da melancolia
eu chorava
você ria

No frio da melancolia
p'ra mim era noite
p'ra você dia

No frio da melancolia
eu esperava
você fazia

No frio da melancolia
eu, espírito
você vivia.

Ps: em algum dia de 2001.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Resgate

Morre o homem. Fica a maestria de um poeta, que cantava como escrevia; que chorava como sorria; que vivia como morria. Era denso e intenso seu sentimento primaz de cortesia. A voz rouca era mais do que uma marca fônica de masculinidade; antes fosse, eram as lágrimas rotas presas à faringe. De todos já lembrados pelo colunista, faltam os anônimos de bares e de cantos chorados. Um a um declamando versos ou canções a quem não merece. Acaso merecesse, não se teria o vazio melancólico das frustrações; do esquecimento. Era apenas uma sonho, a qual acabara em sofrimento tão real que ser apaixonado e sincero tornaram-se ícones dos bregas.

Ao Waldick, nosso respeito e muitas saudades!

Domingo, 14 de setembro de 2008.

Ps: Mensagem escrita como resposta a meu sogro, que me noticiou a morte do cantor.