quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Sutilezas essenciais

Chove. A alguns metros de um novo mundo, aproximam-se dedos e chapéus. Já marcavam mais que dez horas da manhã de terça-feira, quando um jovem esguio foi a um espetáculo. Peles oleosas, peles secas, com ou sem pêlos, e muitas outras formas volumétricas marcavam o ambiente. Um som forte, longe ou molhado perfazia o cenário, que, ao mesmo tempo, era de muito brilho e de emoções. Aplausos. Silêncio das descrições. Descendo as escadas, nenhum sentido fazia sentido. Pés em todas as direções e o caminho sendo feito por um compasso firme, com tropeços e enganos.

Pé ante pé. Os dedos tocam a parede: imediatamente, o corpo é transpassado pelos centímetros de concreto até a Ilha de Manhattan. Sobe ou desce? Up or down? O Brasil continuava ali, mas os dedos guiavam para longe. Tal qual a força de um pensamento, a vontade de tempos idos movia os quirodáctilos para o inusitado desconhecido. Nem a Física supunha essa bizarra possiblidade de um corpo ocupar dois espaços tão distintos;muito menos permite a máxima de dois corpos ocuparem o mesmo espaço. A aldeia onde moro é mais universal que as leis da gravitação; a escrita, nem tanto.

Passados trinta segundos, a Terra gira e o suporte das falanges metacarpianas retorna ao ponto de partida, com a porta do elevador aberta, com volumes e a falta de volumes habituais à sua vida em destaque. O que mais importa é a diferença - seja diferente.

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