Começa a instilar o vazio
a imensa falta da presença
não é fácil, não é fácil
essa saudade sem licença
Ai, como dói o peito
com o laringe constricto, amargo e
seco
vai um pedaço de mim
deixando uma brasa sem calor
nessa terra do amor
de rosas e de jasmim
Dói, dói muito não ser visto
ouvir somente os sons da solidão
trauma, ferida, fratura e cisto
a saudade é a mortalha do coração
De tantas obras e construções
não sei se fico ou se parto
o silêncio de todos os sons
é não te ter ao meu lado
Eram dois e agora não mais
foi-se uma metade do coração
um lado clamando por paz
e a saudade regando a solidão
Entre cisma e entre quimera
pensamentos vão até a ti
da mais alta saudade sincera
surge a maior beleza que já vi
Caem lágrimas de esperança
com gosto de saudade, de vazio
em tristes acordes sem dança
como a Páscoa sem a luz do círio
Vocifera! Faça esta vontade
por tudo que atrozmente suporta
neste sufocar de saudade
Abra a porta! Abra a porta
Sem voz
sem gosto
sem vontade
sem vida.
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