sábado, 9 de janeiro de 2010

Voz passiva

Sem palavras.

Vejo-me nos mais diversos olhares. Sinto o peso do mundo e nada faço. Palavras saem da mente e vão direto para as letras do tec-tec do teclado. Assim como a ordem do mosaico lexical, encontro-me confuso perante a vida. A dor de uma perda de um ente querido, de bens sofridamente conquistados e da mudez covarde em relação as mazelas fazem-nos ainda menores. Fraco. Impotente.

Casamentos desfazendo-se; sonhos pesadelendo-se. Não há maior felicidade que amar e ser amado; compreender e ser compreendido; perdoar e ser perdoado. Como em todo humus, a morte faz germinar. Os pesadelos podem realizar-se em lindas realidades; as brigas podem tornar-se adesivos da união.

Olhar e não enxergar os sentimentos é o mesmo que ter nariz e não respirar. Se acaso temos a capa orgânica como transeunte, há de sermos substâncias históricas, com estórias e particulares sensações. Além das letras que nos identificam na carteira, somos o que podemos e o que já fizemos.

Como pode haver sorriso, se há algum siso? Como pode haver festa, se todos não foram convidados? Como posso ser eu, se os meus sentimentos são do mundo?

Como pode ter refrão, versos e rimas, se a vida não é poesia?

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